107 anos depois, localizado navio naufragado em expedição à Antártida



Por Departamento de Jornalismo CONECTV em 18/03/2022 às 09:50 hs

Uma das mais audaciosas expedições jamais tentadas pelo homem voltou a ser notícia, esses dias, depois que cientistas anunciaram uma descoberta espetacular. Praticamente intacto, localizado por submarinos-robôs a 3 mil metros de profundidade no Mar de Weddel, na Antártida, ressurgiu das páginas da história o navio Endurance que, no início do século XX, levou ao continente gelado a incrível Expedição Imperial Transantártica.

A proeza coube ao Falklands Maritime Heritage Trust (FMHT), usando o quebra-gelo sul-africano Agulhas II equipado com submersíveis operados remotamente. “Sem nenhum exagero, este é o melhor naufrágio de madeira que eu já vi — de longe. Está na vertical, bem imponente e em excelente estado de conservação”, afirmou à BBC News, na semana passada, o arqueólogo marinho Mensun Bound, integrante da expedição FMHT.

Lutando contra mudanças constantes do gelo marinho, nevascas e temperaturas de até -18°C, a equipe que conseguiu encontrar o Endurance realizou uma verdadeira façanha que muitos consideravam impossível. Mas, nada que se compare ao que viveram os integrantes da última tripulação do Endurance.

Projeto quase suicida na Antártida

Comandados por Sir Ernest Henry Shackleton, um irlandês que era uma lenda na Inglaterra e já ia na sua terceira expedição à Antártida, 27 homens zarparam da Georgia do Sul, uma ilha britânica no Atlântico Sul, em dezembro de 1914, a bordo do Endurance. A ideia era praticamente suicida, até para os dias atuais: atravessar o continente gelado a partir do que é hoje a base argentina de Belgrano, cruzar o Pólo Sul e chegar ao Mar de Ross, do outro lado da Antártida, mais próximo à Nova Zelândia, numa travessia de 2 mil quilômetros — o equivalente a andar de São Paulo a Maceió, mas sobre gelo e neve e a temperaturas de até -60°C.

No entanto, um mês depois, o navio estava preso no gelo do Mar de Wessel, em frente ao ponto onde o grupo deveria começar a parte terrestre. A princípio, Shackleton e os tripulantes ficaram nas redondezas, acampados no gelo e esperançosos que o verão antártico derretesse as placas e libertasse o navio. Mas, isso não aconteceu e, em novembro de 1915, a pressão do gelo quebrou o casco de madeira, levando o Endurance para o fundo do mar.

 

Começava então uma tentativa desesperada de voltar à Georgia do Sul. Empurrando barcos salva vidas a vela com seis metros sobre o gelo, os 28 homens conseguiram chegar ao mar e navegaram até a Ilha do Elefante, um pedaço de terra deserto e coberto de gelo, onde 21 homens permaneceram aguardando socorro. Os outros seis, Shackleton entre eles, escolheram um dos barcos, o James Caird, e partiram em uma viagem de 1.300 km em alto mar para tentar chegar à ilha Georgia do Sul.

A travessia do Atlântico até Georgia do Sul foi por si só uma proeza, com os homens agachados sob uma lona que os protegia da chuva, da neve e dos fortes ventos gelados dos mares do sul. A lona permitia que um fogareiro providenciasse algum aquecimento e fosse usado para preparar comida. No entanto, com apenas 1,20m do casco à lona, todos precisaram ficar agachados ou de cócoras por longas cinco semanas, enquanto enfrentavam a violência das ondas.

Foi só a 20 de maio de 1916 que o James Caird chegou a uma estação baleeira na Georgia do Sul. De lá, Shackleton acionou o socorro para buscar o restante dos homens na ilha do Elefante. Depois de tentativas frustradas por causa do gelo, mesmo com uma trilheira emprestada pelo governo do Uruguai, o vapor chileno Yelcho conseguiu finalmente, a 30 de agosto, se aproximar da ilha e resgatar todos os remanescentes de uma expedição que só não foi um fracasso total porque deixou um rico acervo de fotos tiradas por um dos membros do grupo e também porque, milagrosamente, ninguém morreu.

Fonte: Geocracia



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